“A reforma
íntima, assim como qualquer projeto na vida, exige otimismo e fé para alcançar
seus objetivos”.
Só será concretizada através de uma relação de confiança conosco
mesmo. Muitos idealistas orientados pelos roteiros de melhoria, mas
tomados de escassa autoestima, sucumbem sob o peso dos monstros
da culpa e da vergonha, estabelecendo ideias de inutilidade e desistência
através da ampliação dos montes e dos obstáculos interiores.
Supervalorizam
suas imperfeições através de excessivo rigor consigo mesmo, instalando um circuito mental de inaceitação e desgosto, a um passo
do desespero e do desânimo com os nobres ideais de transformação e
melhoramento, gerando um clima de derrotismo e menos valia de si mesmo. De fato, a sensação de frustração acompanhará por muito tempo
nossos esforços de progresso em razão das opções que fizemos nos sombrios vales
da ilusão e da queda. Fortes condicionamentos exprimem-se como traços marcantes
da personalidade que contrariam as mais sinceras intenções de aperfeiçoamento.
Isso, porém, é o preço justo que temos que pagar perante a vida, pelo plantio
do bem em nós mesmos.
Costuma-se
observar na atualidade uma neurotização da proposta
de renovação interior. Muita impaciência e severidade têm acompanhado esse
desafio, levando ao perfeccionismo por falta de entendimento do que seja
realmente a reforma íntima. Precisamos aprender a ser
gente, a ser humano, a exercer o auto perdão, a admitir falhas. Cientes de que
podemos recomeçar sempre e sempre, quantas vezes forem necessárias. Sem que
isso signifique, hipocrisia, fraqueza e conivência com os desajustes. O objetivo é sermos melhor e não os melhores.
Essa
neurotização da virtude gera um sistema de vida cheio de hábitos e condutas
radicais e superficiais que são fronteiriços com o fanatismo. Isso nos afasta
ainda mais da autêntica mudança e nos faz preocupar mais com o que não devemos fazer e, esquecemo-nos de investir
esforços e descobrir caminhos para aquilo que devíamos
estar fazendo, aquilo que queremos alcançar e ser.
Valorizemos
aquilo que gostaríamos de ser, contudo, valorizemos também o que já conseguimos
deixar de ser. Valorizemos a luz que há em nós; é com ela que resgataremos a
condição de criaturas em comunhão com as Sábias Leis do Pai. Utilizemos, ilimitadamente, o auto perdão na construção mental da
auto aprovação, porque se não nos aprovamos nas faltas cometidas, caminhamos
para o desamor a nós próprios atraindo o fracasso.
Fé pequenina asseverou o Sábio Nazareno, do tamanho de um grãozinho de
mostarda. Isso bastará para solidificar nossa confiança no projeto de
transformação que, inexoravelmente, vamos conquistar sob a égide de pequenos
êxitos de cada etapa. Vitória sobre si, esse é o nosso bom combate, conforme
destaca o nosso querido Apóstolo de Tarso.
Nunca esqueça
que, mais importante que a severidade da disciplina com nossas imperfeições, é
a alegria que devemos cultivar com nossos pequenos triunfos e nossas tenras
qualidades como fonte de motivação e bem estar para viver todos os dias. Nos
momentos de decepção contigo busque o trabalho, a oração e prossiga confiante
na tua luta pessoal, acreditando nas tuas pequenas vitórias. Com o tempo, perceberás, espontaneamente, o valor que elas possuem
para a tua felicidade e o quanto significam para os que te rodeiam. “ Que possamos nos abrir para mais um ciclo de vida”! É
preciso coragem para aprender a voar!